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Jejum e ações de graças.

Jejum e ações de graças.

 

 

JEJUM E AÇÕES DE GRAÇA

 

Art.24 -Sem o propósito de santificar de maneira particular qualquer outro dia que não seja o dia do Senhor, em casos muito excepcionais de calamidades públicas, como guerras, epidemias, terremotos, etc, é recomendável a observância de dia de jejum ou, cessadas tais calamidades, de ações de graças.

Art.25 -Os jejuns e ações de graças poderão ser observados pelo indivíduo ou família, Igrejas ou Concílios.

 

O Jejum que não agrada a Deus:  è Isaías 1; 58  /  O Jejum dos Fariseus

O jejum na Bíblia

Nas Escrituras, o jejum refere-se à abstenção de alimento para finalidades espirituais. Ele se distingue da greve de fome, cujo propósito é adquirir poder político ou atrair a atenção para uma boa causa. Distingue-se também da dieta de saúde, que acentua a abstinência de alimento, mas com propósitos físicos e não espirituais. Devido à secularização da sociedade moderna, o jejum (se de algum modo praticado) é motivado ou por vaidade ou pelo desejo de poder. Isso não quer dizer que essas formas de jejum sejam necessariamente erradas, mas que seu objetivo difere do jejum descrito nas Escrituras. O jejum bíblico sempre se concentra em finalidades espirituais. Na Bíblia, os meios normais de jejuar envolviam abstinência de qualquer alimento, sólido ou líquido, excetuando-se a água. No jejum de quarenta dias de Jesus, diz o evangelista que ele nada comeu e ao fim desses quarenta dias teve fome, e Satanás o tentou a comer, indicando que era a abstenção de alimento e não de água (Lucas 4.2ss). De uma perspectiva física, isto era o que geralmente estava envolvido num jejum.

Não há regras fixas na Bíblia sobre quando jejuar ou qual tipo de jejum praticar, isto é algo pessoal. Mas a prática do jejum é uma recomendação bíblica. No Velho Testamento, na lei de Moisés, os judeus tinham um único dia de jejum instituído: o do Dia da Expiação (Lv 23:27 - Mas, aos dez deste mês sétimo, será o dia da expiação: tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor), que também ficou conhecido como o “dia do jejum” (Jr 36:6 - Entra, pois, tu, e lê pelo rolo, que escreveste da minha boca, as palavras do Senhor, aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum; e também aos ouvidos de todo o Judá, que vem das suas cidades, as lerás.) e ao qual Paulo se referiu como “o jejum” (At 27:9 - E, passado muito tempo, e sendo já perigosa a navegação, pois também o jejum já tinha passado, Paulo os admoestava,).

Mas em todo o Velho e Novo Testamento não há uma única ordem acerca de jejuarmos.

Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram o rosto com o fim de parecer aos homens que jejuam. Em verdade vos digo que eles já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuardes, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas, e sim ao teu Pai, em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará” (Mt 6:16-18). Embora Jesus não esteja mandando jejuar, suas palavras revelam que ele esperava de nós esta prática. Ele nos instruiu até na motivação correta que se deve ter ao jejuar. E quando disse que o Pai recompensaria a atitude correta do jejum, nos mostrou que tal prática produz resultados.

 O jejum parcial

O jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a pessoa não tem condições de se abster totalmente do alimento (por causa do trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel: “Naqueles dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se passaram as três semanas” (Dn 1:2, 3).

Às vezes se descreve o que poderia ser considerado jejum parcial; isto é, há restrição e dieta mas não abstenção total. Embora pareça que o jejum normal fosse prática costumeira do profeta Daniel, houve uma ocasião em que, durante três semanas, ele não comeu manjar desejável, nem carne, nem vinho entraram na minha boca, nem me untei com óleo algum (Daniel 10.3). Não somos informados do motivo para este afastamento de sua prática normal de jejuar; talvez seus deveres governamentais o obstassem.

 O jejum absoluto

Há também diversos exemplos bíblicos do que se tem chamado acertadamente jejum absoluto, ou abstenção tanto de alimento como de água. Parece ser uma medida desesperada para atender a uma emergência extrema. Após saber que a execução aguardava a ela e ao seu povo, Ester instruiu a Mordecai: Vai, ajunta a todos os judeus.... e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos (Ester 4.16). Paulo fez um jejum absoluto de três dias após seu encontro com o Cristo vivo (Atos 9.9 - E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.). Considerando-se que o corpo humano não pode passar sem água muito mais do que três dias, tanto Moisés como Elias empenharam-se no que deve considerar-se jejuns absolutos sobrenaturais de quarenta dias (Deuteronômio 9.9 - Subindo eu ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do concerto que o Senhor fizera convosco, então fiquei no monte, quarenta dias e quarenta noites; pão não comi, e água não bebi,; 1 Reis 19.8 - Levantou-se, pois, e comeu e bebeu: e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horeb, o monte de Deus.). É preciso sublinhar que o jejum absoluto é a exceção e nunca deveria ser praticado, a menos que a pessoa tenha uma ordem muito clara de Deus, e por não mais do que três dias.

 O jejum coletivo

Na maioria dos casos, o jejum é um assunto privado entre o indivíduo e Deus. Há, contudo, momentos ocasionais de jejuns de um grupo ou públicos. O único jejum público anual exigido pela lei mosaica era realizado no dia da expiação (Levítico 23.27). Era o dia do calendário judaico em que o povo tinha o dever de estar triste e aflito como expiação por seus pecados. (Aos poucos foram-se adicionando outros dias de jejum, até que hoje há mais de vinte!). Os jejuns eram convocados, também em tempos de emergência de grupo ou da nação: Tocai a trombeta em Sião, promulgai um santo jejum, proclamai uma assembléia solene - (Joel 2.15). Quando o Reino de Judá foi invadido, o rei Josafá convocou a nação para jejuar (2 Crônicas 20.1-4). Em resposta à pregação de Jonas, toda a cidade de Nínive jejuou, inclusive os animais involuntariamente, sem dúvida. Antes do retorno a Jerusalém, Esdras fez os exilados jejuar e orar por segurança na estrada infestada de salteadores (Esdras 8.21-23).

 O jejum em grupo pode ser uma coisa maravilhosa e poderosa, contanto que haja um povo preparado e unânime nessas questões. Igrejas ou outros grupos que enfrentam sérios problemas poderiam ser substancialmente beneficiados mediante oração e jejum de grupo unificado. Quando um número suficiente de pessoas entende corretamente do que se trata, as convocações nacionais à oração e jejum podem, também, ter resultados benéficos. Em 1756, o rei da Inglaterra convocou um dia de solene oração e jejum por causa de uma ameaça de invasão por parte dos franceses. João Wesley registrou este fato em seu Diário, no dia 6 de fevereiro: O dia de jejum foi um dia glorioso, tal como Londres raramente tem visto desde a Restauração. Cada igreja da cidade estava mais do que lotada, e uma solene gravidade estampava-se em cada rosto. Certamente Deus ouve a oração, e haverá um alongamento da nossa tranqüilidade. Em nota ao pé da página, ele escreveu: A humildade transformou-se em regozijo nacional porque a ameaça da invasão dos franceses foi impedida.

 Objetivo do jejum

É sensato reconhecer que a primeira declaração que Jesus fez acerca do jejum tratou da questão de motivos (Mateus 6.16-18 - E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados, como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Porém tu, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em oculto; e teu Pai, que vê em oculto, te recompensará. O tesouro no céu. O olho puro. Os dois senhores).

Usar boas coisas para nossos próprios fins é sempre um sinal de falsa religião. Quão fácil é tomar algo como o jejum e tentar usá-lo para conseguir que Deus faça o que desejemos. Às vezes se acentuam de tal modo as bênçãos e os benefícios do jejum que seríamos tentados a crer que com um pequeno jejum poderíamos ter o mundo, inclusive Deus, comendo de nossas mãos.

 O propósito central do jejum

O jejum deve sempre centrar-se em Deus. Deve ser de iniciativa divina e ordenado por Deus. Como a profetiza Ana, precisamos cultuar em jejuns (Lucas 2.37 - E era viúva, de quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia.). Todo e qualquer outro propósito deve estar a serviço de Deus. Como no caso daquele grupo apostólico de Antioquia, servindo ao Senhor e jejuando devem ser ditos de um só fôlego (Atos 13.2 - E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.).

C. H. Spurgeon escreveu: Nossas temporadas de oração e jejum no Tabernáculo têm sido, na verdade, dias de elevação; nunca a porta do céu esteve mais aberta; nunca nossos corações estiveram mais próximos da Glória central.

Deus interrogou o povo no tempo de Zacarias: Quando jejuastes... acaso foi para mim que jejuastes, com efeito para mim?? (Zacarias 7.5).

Se nosso jejum não é para Deus, então fracassamos. Benefícios físicos, êxito na oração, dotação de poder, discernimentos espirituais, estas coisas nunca devem tomar o lugar de Deus como centro de nosso jejum. João Wesley declarou: Primeiro, seja ele [o jejum] feito para o Senhor com nosso olhar fixado unicamente nele. Que nossa intenção ao seja esta, e esta somente, de glorificar a nosso Pai que está no céu.... Esse é o único modo de sermos salvos de amar mais a bênção do que Aquele que abençoa.

 Os propósitos secundários do jejum

Uma vez que o propósito básico esteja firmemente fixo em nossos corações, estamos livres para entender que há, também, propósitos secundários em jejuar. Mais do que qualquer outra coisa, o jejum revela as coisas que nos controlam. Este é um maravilhoso benefício par ao verdadeiro discípulo que anseia ser transformado à imagem de Jesus Cristo. Cobrimos com alimento e com outras coisas boas aquilo que está dentro de nós, mas no jejum estas coisas vêm à tona. Se o orgulho nos controla, ele será revelado quase imediatamente. Davi disse: em jejum está a minha alma (Salmo 69.10). Ira, amargura, ciúme, discórdia, medo, se estiverem dentro de nós, aflorarão durante o jejum. A princípio, racionalizaremos que a ira é devida à fome; depois descobriremos que estamos irados por causa do espírito de ira que há dentro de nós. Podemos regozijar-nos neste conhecimento porque sabemos que a cura está disponível mediante o poder de Cristo.

O jejum ajuda-nos a manter o nosso equilíbrio na vida. Quão facilmente começamos a permitir que coisas não essenciais adquiram precedência em nossas vidas. Quão depressa desejamos ardentemente coisas que não necessitamos até que sejamos por elas escravizados. Paulo escreveu: Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas - 1Coríntios 6.12). Nossos anseios e desejos humanos são como um rio que tende a transbordar; o jejum ajuda a mantê-lo no seu devido leito. Esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, disse Paulo (1Coríntios 9.27). Semelhantemente, escreveu Davi: Eu afligia a minha alma com jejum (Salmo 35.13).

 JEJUM NO VELHO TESTAMENTO
Consagração – O voto do nazireado envolvia a abstinência/jejum de determinados tipos de alimentos (Nm 6:3,4);
Arrependimento de Pecados – Samuel e o povo jejuando em Mispa, como sinal de arrependimento de seus pecados (I Sm 7:6, Ne 9:11);
Luto – Davi jejua em expressão de dor pela morte de Saul e Jônatas, e depois pela morte de Abner (II Sm 1:12; 3:35);
Aflições – Davi jejua em favor da criança que nascera de Bate-Seba, que estava doente, à morte (II Sm 12:16-23ss);
Batalha – Josafá apregoou um jejum em toda Judá quando estava sob o risco de ser vencido pelos moabitas e amonitas (II Cr 20:3);
Buscando Proteção – Esdras proclamou jejum junto ao rio Ava, pedindo a proteção e benção de Deus sobre sua viagem (Ed 8:21-23);
Ester pede que seu povo jejue por ela - para proteção no seu encontro com o rei (Et 4:16);
Em Situações de Enfermidade – Davi jejuava e orava por outros que estavam enfermos (Sl 35:13);
Intercessão – Daniel orando por Jerusalém e seu povo (Dn 9:3; 10:2, 3).

JEJUM NO NOVO TESTAMENTO
Preparação Para A Batalha Espiritual – Jesus mencionou que determinadas castas só sairão por meio de oração e jejum, que trazem um maior revestimento de autoridade (Mt 17:21);
Estar Com O Senhor – Ana não saía do templo, orando e jejuando freqüentemente (Lc 2:37);
Preparar-Se Para O Ministério – Jesus só começou seu ministério depois de ter sido cheio do Espírito Santo e se preparado em jejum (prolongado) no deserto (Lc 4:1, 2);

Em Atos dos apóstolos, vemos a Igreja praticando o jejum em diversas situações, tais como:  (At 13.2,3; 10.30; 14.23; 27.9; )

Ministrar Ao Senhor – Os líderes da Igreja em Antioquia jejuando apenas para adorar ao Senhor (At 13: 2);

Enviar Ministérios – Na hora de impor as mãos e enviar ministérios comissionados (At 13:3);

Estabelecer Presbíteros – Além de impor as mãos com jejum sobre os enviados, o faziam também sobre os que recebiam autoridade de governo na igreja local, o que revela que o jejum era o princípio praticado nas ordenações de ministros (At 14:23).
Nas Epístolas só encontramos menções de Paulo de ter jejuado (II Co 6:3-5; 11:23-27).

Conclusão

Não poderíamos concluir esse estudo sem considerar que a principal obra do jejum bíblico está no reino espiritual. O que se passa espiritualmente é de muito maior conseqüência do que o que acontece no corpo. Você estará engajado em uma guerra espiritual que necessitará de todas as armas de Efésios 6. Dentro disso, um dos períodos mais críticos no campo espiritual está no final do jejum físico quando temos uma tendência natural para descontrair-nos. O jejum pode trazer avanços no reino espiritual que jamais poderiam ter acontecido de outra maneira. Por isso, nós devemos, necessariamente, jejuar.

 (1RS 21:9) -  E escreveu nas cartas, dizendo: Apregoai um jejum, e ponde Nabote diante do povo.

(2CR 20:3) -  Então Jeosafá temeu, e pôs-se a buscar o SENHOR, e apregoou jejum em todo o Judá.

(ED 8:21) -  Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos os nossos bens.

(MT 17:21) -  Mas esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.

(AT 10:30) -  E disse Cornélio: Há quatro dias estava eu em jejum até esta hora, orando em minha casa à hora nona.

(2CO 11:27) -  Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez.

Joel 2.12: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; em jejum, e choro, e pranto.")